O contínuo conflito árabe-israelense

  • 30/10/2024
O contínuo conflito árabe-israelense
O contínuo conflito árabe-israelense (Foto: Reprodução)

O conflito entre judeus e árabes começou ainda no ventre de Rebeca, entre Esaú e Jacó. De Esaú, originou-se o povo árabe e, de Jacó, o povo judeu. O conflito entre os irmãos gêmeos durou a maior parte de suas vidas, sendo destacado por disputas entre si e seus descendentes que persistem até hoje. Esaú se casou com Basemate, filha de Ismael, o filho ilegítimo de Abraão, participando de sua linhagem. As Escrituras também afirmam que Amaleque — o primeiro e arqui-inimigo de Israel — era neto de Esaú.

Origem e breve histórico

Após a vitória de Israel, liderada por Josué contra Amaleque, em Refidim, na primeira batalha como povo livre, o Senhor declarou que faria guerra contra Amaleque de geração a geração. Isso define duas coisas: que esse conflito seria permanente, enquanto durar a presente era; e que sua origem é espiritual.  

A questão espiritual do conflito é enfatizada nessa história, contada em Êxodo 17, em que Moisés precisou permanecer com os braços erguidos para que Israel prevalecesse na batalha contra Amaleque e o vencesse. Deus parecia estar enviando uma mensagem a Israel por todas as gerações de que as batalhas a serem travadas contra esse inimigo milenar seriam vencidas no campo do seu agir sobrenatural.

A história bíblica dos conflitos de Israel mostra a descendência de Amaleque se levantando contra os judeus várias vezes, como na história de Purim, em que o maligno Hamã, autor do plano de extermínio do povo judeu, era ninguém menos que um descendente de Agague — um amalequita. Hamã teve o mesmo destino que seus antepassados que buscaram eliminar Israel da face da Terra.

Amaleque conseguiu suscitar a ira de Deus em seu ataque a Israel no deserto, um povo recém-saído da escravidão. Esse ataque covarde foi lembrado por Deus a Moisés em suas últimas palavras ao povo, numas das últimas porções de leitura da Torá (parashot). Ali Ele ordena que o povo se lembre do que fez Amaleque após a saída do Egito, quando feriu na retaguarda todos os fracos que se locomoviam com dificuldade pelo cansaço e pela fadiga, sem temer a Deus. Ele determina a Israel que “lembre” disso e apague sua memória de debaixo do céu (Dt. 25:17-19).

A história se repete cerca de três séculos depois, como relata o primeiro livro de Samuel, na luta de Davi contra os amalequitas. Nessa época, Davi habitava em território filisteu, fugindo de Saul que buscava matá-lo. Sua cidade era Ziclague. Ao sair para uma campanha militar com seus homens, os amalequitas investiram contra o sul do território, atacando Ziclague e incendiando a cidade, levando cativos as mulheres, crianças, jovens e idosos.

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Soldados israelenses se preparando para a invasão de Gaza. (Foto: Wikipedia)

No ataque do Hamas, em 7 de outubro de 2023, os terroristas fizeram o mesmo, exatamente na mesma região geográfica, ao sul de Israel, incendiando as casas dos vilarejos, matando soldados das FDI e civis indefesos, incluindo crianças, estuprando mulheres, queimando e decapitando bebês, levando cativos para a Faixa de Gaza mulheres, crianças, jovens e idosos. Há ainda um fato curioso que é a localização de Ziclague, uma antiga cidade em território filisteu que corresponde à região próxima à Gaza de hoje e de onde vieram os ataques do Hamas.

As Escrituras relatam que os amalequitas levaram grande despojo de Ziclague, além dos cativos, e celebraram nas ruas com comida, bebida e danças. Essa exata cena se repetiu naquele fatídico 7 de outubro, quando o Hamas também saqueou muitos bens dos vilarejos israelenses, além dos cativos, e festejou nas ruas de Gaza, desfilando com os reféns e expondo-os como troféus. Muito longe de ser uma coincidência, isso prova se tratar de um conflito espiritual.

Profecias sobre o conflito

Além da promessa na Torá de que o próprio Deus guerrearia contra Amaleque até o fim da presente era, há outras Escrituras que explicam o conflito. Posso destacar duas delas que falam por si e não precisam de interpretações. Ezequiel dirige uma profecia aos habitantes de Edom e do monte Seir, ambos descendentes de Esaú e de quem se originaram os povos árabes.

“Visto que você guardou uma velha hostilidade e entregou os israelitas à espada na hora da desgraça, na hora em que o castigo deles chegou, por isso, juro pela minha vida, palavra do Soberano Senhor, que entregarei você ao espírito sanguinário, e este o perseguirá. Uma vez que você não detestou o espírito sanguinário, o espírito sanguinário o perseguirá” (Ezequiel 35:5-6).

A causa do juízo está clara aqui e explica por que o islã é a religião da jihad ou “guerra santa”, a mais violenta e a que mais derrama sangue, não somente de judeus, mas de seus próprios seguidores. O espírito sanguinário tem perseguido a descendência de Esaú através dos séculos até hoje.

O juízo predito por Deus prossegue: “Juro pela minha vida, palavra do Soberano Senhor, que tratarei você de acordo com a ira e o ciúme que você mostrou em seu ódio para com eles (israelitas), e me farei conhecido entre eles quando eu julgar você” (Ezequiel 35:11). O ódio de qualquer terrorista dos grupos anti-Israel é visível e incontrolável. Tal ódio jamais será vencido pelas armas das FDI, mas será julgado pelo próprio Deus.

Obadias é outro profeta que trata exclusivamente da luta interminável entre Esaú e Jacó. Na visão que teve a respeito de Edom (Esaú), o Senhor diz: “Por causa da violência feita a teu irmão Jacó, cobrir-te-á a confusão, e serás exterminado para sempre” (Obadias 1:10). A palavra em hebraico para violência aqui é hamas. Esta é exatamente a mesma palavra que dá nome ao grupo terrorista que domina a Faixa de Gaza e prega o extermínio de Israel. Por causa do hamas (violência) contra seu irmão Jacó (Israel), ele será “exterminado para sempre”. Isso foi profetizado há quase seis séculos antes de Cristo.

Conclusão

Os inimigos de Israel na atualidade são dominados por esse mesmo espírito e descendem da semente natural de Amaleque. Tal espírito é a essência do antissemitismo que se espalha rapidamente pelo mundo, incluindo alguns setores da Igreja. Isso explica o ódio inexplicável contra Israel. Isso explica as cenas de horrores ocorridas nos vilarejos do sul no 7 de outubro.  

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Mapa da guerra Israel-Hamas de 2023. (Imagem: Wikipedia)

O conflito Israel x Palestina é muito mais complexo do que se imagina. Trata-se de uma luta milenar que vai além da carne e sangue, e está arraigada nas regiões celestiais; é um conflito, antes de tudo, espiritual. Assim sendo, nem carne nem sangue têm o poder de colocar um fim em si, nem as FDI com suas armas de última geração, nem a ONU por intermédio de suas resoluções inúteis que apenas inflamam o litígio.

Ao dizer que faria guerra contra Amaleque por todas as gerações, o Senhor definiu que se trata de uma batalha do bem contra o mal e que somente Ele mesmo pode vencê-la. Esse conflito permanente entre Esaú e Jacó aponta para uma guerra mais abrangente que culminará com a batalha final, liderada pelo Messias de Israel, quando cumprirá definitivamente sua promessa de riscar totalmente a memória de Amaleque de debaixo do céu.

 

Getúlio Cidade é escritor, tradutor e hebraísta, autor do livro A Oliveira Natural: As Raízes Judaicas do Cristianismo e do blog www.aoliveiranatural.com.br.

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: Teshuvah — a resposta de Israel ao ataque do Irã

FONTE: http://guiame.com.br/colunistas/getulio-cidade/o-continuo-conflito-arabe-israelense.html


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